quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Notícias pessoais

Aproveito as férias da Licenciatura em Ciencia das Religiões, para dizer a todos que me consultem, duas pequenas noticias, a primeira é que o meu Natal e o dos meus, os quatro que vivem em nossa casa- António Barata, Lina Barata, Eunice Barata e David Barata -, foi um dos melhores dos ultimos anos !
Outros dos nossos filhos- O Paulo, teve um grave problema de saúde, mas as coisas vão correndo bem; A Rute, está bem com os seus; O Samuel foi acidentado no trabalho, mas vai bem; O Daniel, está bem, dentro do seu estado de saude; O Isaias vai bem com os seus , graças a Deus, por tudo.
A outra notícia é sobre a Natal. Este ano em minha pesquisa sobre a Vida de Jesus Cristo, cheguei a esta conclusão provisória, a saber: Jesus Cristo teria nascido no ano 6 ou 5 da Era Comum. Nasceu em Belém da Judeia, onde passou os seus 41 dias de vida humana, voltando com Maria e José, para Nazaré. Os Magos teriam chegado a Jerusalém, no ano 4 a.C., antes da morte de Herodes o Grande, que morreu nesse mesmo ano. Os teólogos judaicos informaram Herodes de que a profecia dizia que o Messias nasceria em Belém. Os Magos foram para lá em demanda do menino Jesus, a estrela não parou e só parou sobre uma CASA, ora tudo indica que essa casa estaria em Nazaré e não em outra parte. Os Magos ofertaram ouro, incenso e mirra, voltando para sua terra e Maria, José e o menino , para o Egipto, onde teriam ficado entre 3 a.C. a 6 ou 5 da E.C., com receio de que Arquelau fizesse mal a Jesus, fixaram-se de novo em Nazaté, até á deposição e exilio de Arquelau, no ano 6 E.C., só então a família de Jesus foi na Pascoa a Jerusalem , para a cerimonia da emacipação do Adolescente Jesus. Fico por aqui, hoje, mais tarde continuaremos .
Espero que os meus leitores tenham pasasdo um bom dia de Natal, e desejo a todos um feliz ano bom.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Convite


(clicar para ver maior)

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Lançamento do Livro: "António de Mattos: pioneiro protestante", de David J Langum, Sr‏





Prezados irmãos e amigos

A Comissão Executiva da IEPP tem a honra de vos convidar para o
lançamento do livro acima referido, que traça a biografia do primeiro
pastor protestante português a trabalhar em Portugal, em Lisboa e na
Madeira (1870-1877).

O lançamento contará com a presença do autor, Professor David J.
Langum Senior, da Universidade do Alabama, e o livro será apresentado
pelo Mestre Ruben Oliveira e pela Sra. Dra. Débora Kleber.

O lançamento terá lugar no próximo dia 3 de Novembro, pelas 19 horas,
no templo da Igreja Evangélica Presbiteriana de Lisboa (Rua Tomás da
Anunciação, 56, Lisboa), comunidade que Mattos organizou.

Pedimos que venham participar e convidem membros da vossa comunidade,
amigos, colegas e todos aqueles que tenham interesse na história e na
cultura protestante em Portugal.

Com as melhores saudações cristãs, subscreve-se atentamente,

David Valente
Secretário-geral da Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Colóquio sobre João Calvino


COLOQUIO SOBRE CALVINO
(Universidade Lusófona)
9 e 10 de Outubro de 2009

1º dia (Auditório Vítor de Sá)
14:30 - Abertura
15:00 - Calvino e a sua época (conferência pelo Prof. José Carlos Calazans )
15:45 - Pausa
16:00 - 1ª Mesa: A Salvação na Teologia de Calvino (Prof. Dimas Almeida, Dra. Eva Michel, Prof. João Custódio Nunes) – Coordenação da Mesa Dr. Silas Oliveira.
17:00 - Debate
18:00 - Encerramento

2º Dia
9:30 - 2ª Mesa Redonda: Calvino, Exegeta da Escritura (Prof. Alan Pallister, Dr. José Manuel Leite, Dr. Timóteo Cavaco) - Coordenação da Mesa Pr. José Salvador.
10:30 - Debate
11:00 - Pausa
11:20 - 3ª Mesa Redonda: A Igreja segundo Calvino (Prof. Manuel Pedro Cardoso, Prof. Luís Melancia, Dr. Simão Daniel Silva ) - Coordenação da Mesa Prof. Dulce Cabete.
12:20 - Debate
13:00 - Almoço
14:30 - 4ª Mesa Redonda: Calvino, capitalismo e democracia (Dr. Luís Aguiar Santos, Prof. José Eduardo Franco, Dr. David Valente, Dr. Rute Salvador) - Coordenação da Mesa: Prof. Paulo Mendes Pinto
15:30 - Debate
16:00 - Pausa
16:30 - Calvino hoje (conferência pelo Prof. Dr. Lon Weaver)
17:30 - Encerramento

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Boas férias

ACB deseja a todos umas boas férias , e não só,
mas também, boas leituras.

A.C.Barata

terça-feira, 21 de julho de 2009

1969 - Conquista da Lua

Os anos de 1968 e 1969 , sem duvida, muitas coisas estavam a acontecer no mundo em geral, entre esses acontecimentos, os planos era a chegada do homem, quer dizer, dos seres humanos chegarem à Lua .

A minha pessoa estva a exercer o múnus espiritual no Distrito de Portalegre, num das igrejas protestantes, mais antigas em Portugal, que na altura e na actualidade, está sob a responsabilidade da Assembleia de Deus em Portugal, e já agora, essa Comunidade foi fundada em 1889, precisamente há 120 anos, sua história fica para outra altura, neste momento apenas relembra aos meus amigos , qual foi as minhas opiniões acerca da Conquista da Lua, na altura, isto é em 1969.

Muitas era eram as opiniões , umas negativas e outras apologéticas. Por minha parte, na medida que iam lendo as outras opiniões, as minhas iam mudado. Lamentava-se os biliões de dólares que se gastavam com Apolo 11, mas não se criticavam muitos 24 biliões que se gastavam nas vaidades individuais por ambos os sexos. O que pensava em 1969, penso em 2009, que se invista em planos como o de o Ser Humano no Espaço, mas não tanto a ponto de deixar na Terra a miséria de tantos seres humanos.

Hoje fico por esta nota, esperando republicar neste lugar, os artigos que publiquei em 1969, como as minhas opiniões pessoais.

Até breve, amigos!

A.C.B.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

10 de Julho de 1509 - 10 de Julho de 2009


Où es tu, Jean Calvin?

quarta-feira, 24 de junho de 2009

J. P. da Conceição


(Arquivo de António Costa Barata)

J. P. da Conceição - Um dos maiores mecenas do Protestantismo Português

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Congresso Protestante de 1909

Como anunciado, no dia 23 de Maio a Sociedade Eduardo Moreira promoveu um encontro de comemoração do Congresso Protestante de 1909, na sede da ACM de Lisboa.

O programa Mosaico Ecuménico, do COPIC, esteve lá. Passou no passado dia 18 de Junho na RTP2.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Os protestantes e a Educação

Em 2007 o dr. José António Moreno Afonso apresentou a sua brilhante dissertação sobre os protestante e o ensino, com o título:

Protestantismo e educação : história de um projecto pedagógico em Portugal na transição do séc. XIX

Aqui está muito daquilo que o protestantismo fez de bom em Portugal: a educação, formação cívica, apoio social, trabalho editorial, conferências, etc.

O dr. Moreno Afonso fez um grande serviço aos protestantes. Os protestantes nunca o entenderão.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Sociedade Bíblica

Em 2005 a Revista Lusófona de Ciência das Religiões dedicou o seu caderno principal à comemoração dos 200 anos da Sociedade Bíblica, com artigos de Samuel Escobar, Timóteo Cavaco, Luís Aguiar Santos, Alfredo Abreu, António Marujo, Silas Oliveira, Vitor Tavares, João Paulo Henriques e Helena Vilaça.

A ler aqui:

quinta-feira, 4 de junho de 2009

João Calvino não existe em Portugal - 500 anos - Parte II

A Eurovisão transmitiu a celebração religiosa do dia de Pentecostes, da Catedral de Genebra, evocando o nascimento e vida de Calvino.

O Tribunal do Santo Ofício da Inquisição censurou. A cerimónia não passou em Portugal. A Eurovisão só nos serve para passar o Festival da Canção.

Felizmente existe a internet e aqui temos o Link:

Services religieux - Culte de Pentecôte de la Cathédrale de Genève

Ainda há razões para não conhecermos Calvino em Portugal?

quarta-feira, 3 de junho de 2009

João Calvino não existe em Portugal - 500 anos - Parte I

Ontem a Universidade Lusófona promoveu uma conferência sobre João Calvino com a apresentação do livro Introdução à Teologia Cristã com tradução do professor Dimas de Almeida.

Hoje e amanhã a Igreja Cristã Presbiteriana de Portugal irá realizar duas conferências sobre o mesmo reformador com o tema: A Batalha de Calvino pela Reforma pelo Rev. Angus Stewart.

Ainda há razões para não conhecermos Calvino em Portugal?

terça-feira, 2 de junho de 2009

Eduardo Moreira


Eduardo Moreira - Fotografia publicada a 06.01.1927 em publicação desconhecida.

(Arquivo de António Costa Barata)

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Eduardo Moreira - Cartão de Escoteiro

Cartão de Escoteiro de Eduardo Moreira com assinatura do presidente Robert Moreton
(Arquivo de António Costa Barata)

O primeiro grupo de escoteiros em Portugal continental nasce no seio da UCM de Lisboa a 9 de Abril de 1912, com Robert Moreton, Rodolph Horner e Eduardo Moreira, após proposta de Frank Giles.

Ver:
Ana Cláudia S. D. Vicente, "A Introdução do Escutismo em Portugal", Lusitania Sacra, 2ª série, tomo XVI, 2004, pp. 203-245.

Ver ainda:
Luís Aguiar Santos, Escoteiros e escuteiros, em L&LP.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

O Dia do Garoto

Dia do Garoto - 1922
(Arquivo de António Costa Barata)

Actividade social dedicada às crianças no seio da ACM

quinta-feira, 28 de maio de 2009

ACM - Associação Cristã da Mocidade

ACM - Alma, Corpo e Mente

quarta-feira, 27 de maio de 2009

CONGRESSO PROTESTANTE PORTUGUÊS - Maio, 1909


terça-feira, 26 de maio de 2009

III Congresso das UCM de 1909

A 23 de Maio de 1909, às 21 horas, reuniram-se 1500 protestantes.

Sala Portugal da Sociedade Portuguesa de Geografia
(Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)

segunda-feira, 25 de maio de 2009

CONGRESSO PROTESTANTE DE 1909

No dia 23 de Maio de 1909 o mundo protestante unia-se em congresso na sala Portugal da Sociedade Portuguesa de Geografia juntando-se à União Cristã da Mocidade (UCM) que reunia por esses dias em Lisboa.

O clima vivido foi de grande alegria e festa, o evento não passava despercebido à sociedade portuguesa: os jornais noticiavam o acontecimento e o rei D. Manuel II enviava saudações reais.

Nunca o povo protestante, divido em várias denominações, conseguira unir-se com tanto êxito. Crescia a esperança de espalhar o Evangelho por todo o Portugal: cerca de 1500 pessoas, um número inimaginável até então.

Passados cinquenta anos, em Vidas Convergentes, Eduardo Moreira recordava o congresso:

O apogeu do poder organizador de Alfredo Henrique da Silva, exercido quase sempre no Norte, transportava-se a Lisboa num dia grande, muito grande, que na ocasião intitulámos: “A maior jornada do Evangelho em Portugal”: 23 de Maio de 1909, na “Sala Portugal” da Sociedade de Geografia.

Reinava o jovem D. Manuel II; e em tão diferentes períodos políticos que seguiram o seu curto reinado, nada ainda, que nos diga respeito, igualou essa apoteose.

Assistem João Mott, futuro Prémio Nobel da Paz, e Cristiano Phildius, o presidente da Comissão Mundial das Uniões Cristãs da Mocidade. Há coros, teses, alegria, louvor, bandeiras, palmas e vivas, fraternidade transbordante. Os hinos soam maravilhosamente, o entusiasmo é geral e electrizante. As teses acrisolam-no.

Foi decerto o momento mais alto do evangelismo português. Preparado por um, secundado por todos. O último dos Branganças, no trono, não desmerecia da tradicional tolerância. Quinze anos da futura República Parlamentar não nos concederiam tanto.


E assim foi.

domingo, 24 de maio de 2009

III Congresso das UCM de 1909

Terceiro congresso nacional das Uniões Christãs da Mocidade de Portugal

A sessão de encerramento, na Sociedade de Geographia é revestida d’um grande brilhantismo

Foi hontem o ultimo dia do 3.º congresso nacional das Uniões Christãs da Mocidade de Portugal, realizando-se, de dia, discursos, por differentes delegados, nas seguinte egrejas evangelicas:

Ás 12 da manhã, Mariannos, Taipas e Estephania; 2,30 da tarde, Arriaga; 5 a tarde, reunião de consagração para os unionistas, União Central; 6 da tarde, Cascão; 7 da tarde, Mariannos, Taipas, Santa Catharina, Amoreiras e Estephania.

Na União Central, o sr. João Mott, membro da Universidade de Yale, da America do Norte, e secretario da Federação Mundial dos Academicos Christãos, produziu um magnifico discurso, servindo de interprete o sr. Right.

Em todos os templos evangelicos a concorrencia foi extraordinaria.

A sessão de encerramento

A noite realisou se na sala “Portugal” da Sociedade de Geographia a sessão de encerramento.

Assumiu a presidencia o sr. Alfredo da Silva do Porto, que estava secretariado pelos srs. Major Ferreira e dr. Leite Junior.

A sessão foi aberta ás 8 horas e meia da noite.

Por essa occasião, a amplissima e magestosa sala offerecia um aspecto devéras imponente pela enorme concorrencia, vendo-se as galerias apinhadas de senhoras.

Antes de se dar principio ao programma foi lido o expediente entre o qual se encontrava um telegramma de sua magestade el-rei agradecendo ao Congresso a participação da sua abertura.

Seguidamente foi executado o hymno, ouvindo de pe toda a assistencia, cumprindo-se á risca o programma, bastante interessante.

O sr. João Mott, tambem se apresentou na sessão de encerramento fazendo um brilhantissimo discurso sobre a atrophia moral.

Serviu-lhe de interprete o sr. Alfredo da Silva.

Foram depois lidas as seguintes

Conclusões do Congresso

1.º O Congresso constata o progresso das Uniões Christãs em Portugal e congratula-se com esse facto, por ver n’elle um dos melhores factores para o progresso da Patria.

2.º As Uniões Christãs pelo seu plano de educação integral e symetrico são um dos melhores meios de formar uma mocidade forte no corpo, esclarecida na intelligencia, pura na moral e santa na alma.

3.º As Uniões Christãs devem procurar dar a todo o trabalho o fórma mais accessivel e mostrar praticamente como o Evangelho de Christo resolve todas as questões sociaes.

4.º Tudo o que é verdadeiro, honesto, justo, santo, amavel, de boa fama, elevado de costumes, póde e deve servir de meio ás Uniões para attrair e elevar a mocidade.

5.º O congresso resolve iniciar desde já uma obra a favor dos emigrantes que se dirigem ás duas Americas, de combinação com as Uniões Christãs do Brasil e America do Norte.

6.º O estudo da Palavra de Deus e a oração são dynamos da obra unionista.

7.º O Congresso expressa a sua gratidão á cidade de Lisboa pela maneira como o acolheu, á imprensa que o ajudou, á Sociedade de Geographia e á Associação Comercial de Lojistas pelo auxilio que lhe prestaram e a todos que concorreram para o seu exito.

8.º O Congresso retribue as saudações telegraphicas que lhe enviaram as Uniões do Brasil, Hespanha, França, Suissa, Inglaterra, Italia e Belgica, e differentes Uniões e particulares do paiz.
Estas conclusões foram sanccionados, pela assembléa, com prolongadas salvas de palmas.

Por ultimo usou de novo da palavra o sr. Alfredo da Silva, que fez o discurso de encerramento, sendo felicissimo na sua dissertação, arrancando por vezes, ao auditorio vibrantes applausos.

A sessão foi encerrada perto da meia noite.

O que ha hoje

Ás 10 da manhã, reunião do Comité Nacional, e ao meio dia passeio a Cintra.

Diário de Notícias, 24 de Maio de 1909, p. 2.

III Congresso das UCM de 1909

Uniões Christãs

O ultimo do dia do congresso – A visita aos culto evangelicos – A sessão plenaria na sala “Portugal”, da Sociedade de Geographia


Encerraram-se hontem, conforme noticiámos, os trabalhos do terceiro congresso nacional das Uniões Christãs da Mocidade de Portugal, decorrendo com a mesma animação e brilho de dias anteriores.

Consoante constava do programma, parte do dia foi consagrado pelos congressistas á visita aos varios cultos evangelicos da capital, que foram dirigidos pelos delegados de fóra.

Pelas 5 horas da tarde effectuou-se, na séde da União Central, á rua das Gaivotas, a anunciada reunião de consagração, para os unionistas e suas familias e á qual presidiu o sr. João Mott, que proferiu uma brilhante prelecção em ingles, interpretada pelo sr. Henrique Wright.

Á mesma hora realisava-se, no extincto convento dos Mariannos, uma sessão organisada pelo “comitè” nacional das uniões christãs femininas presidida por mr. Mott [sic] que discursou largamente sobre o movimento feminino a favor da obra evangelica, referindo-se ás viagens que durante quinze annos sucessivos emprehendeu a numerosos paizes da Europa, da Asia, da America e da Africa.

Por ultimo falou “mademoiselle” May Cassels, presidente do mesmo “comitè e membro da Alliança Universal, que conta trezentos mil accionistas, tendo a sua séde em Londres, sob a presidencia de “mademoiselle” Mary Norley.

Em seguida reuniu a commissão iniciadora para apreciar as conclusões das theses, assim como as conclusões geraes do congresso. Como estava annunciado, pelas 9 horas da noite abriu-se a sessão plenaria do encerramento, na sala Portugal, da Sociedade de Geographia, que se encontrava literalmente cheia, predominando o elemento feminino.

O Século, 24 de Maio de 1909, p.2.

sábado, 23 de maio de 2009

III Congresso das UCM de 1909

Congresso das Uniões Christãs da Mocidade

O Terceiro dia

Ás dez horas e meia da manhã de hontem realisou o congresso nacional das Uniões Christãs da Mocidade uma sessão de delegados, á que presidiu o sr. Pedro Silveira, de Portalegre, secretariado pelos srs. Antonio Tavares, do Porto e José Ferreira Martins, de Setubal.

A sessão principiou pela reunião de oração, seguindo-se a these Jesus Christo e a Mocidade, que estava para ser relatada pelo sr. Henrique Wright, do Porto, mas que, por deferencia d’este senhor, passou a ser relatada pelo sr. Mott, que falou em inglez com interprete.

Depois devia seguir-se a discussão das conclusões do congresso, ficando este no entanto para assumpto especial em sessão da noite.

Por ultimo procedeu-se á eleição da comissão executiva, que ficou assim constituida: presidente, Alfredo Henrique da Silva, do Porto; vice-presidente, André Cassels, de Villa Nova de Gaya; 1.º secretario José Antonio Fernandes, do Porto; 2.º secretario, Antonio Tavares, do Porto; thesoureiro, Frederico Flower; vogaes, todos os presidentes das diversas uniões do paiz.

Á uma e meia da tarde effectuou-se um “lunch” fornecido pelo restaurante do Campo Grande.

Seguiu-se a photographia dos delegados officiaes photographia geral, etc.

Ás 7 da noite effectuou-se a sessão para discussão das conclusões do congresso e ás 9 horas uma sessão no extincto convento dos Mariannos, destinada aos unionistas.

O programma de hoje

O programma de hoje é o seguinte:

Cultos nas differentes egrejas evangelicas:

12 da manhã – Mariannos, Taipas e Estephania.

2,30 da tarde – Arriaga.

5 da tarde – Reunião de consagração para os unionistas e seus amigos, União Central, rua das Gaivotas.

Ao mesmo tempo realisar-se-á nas salas do Collegio Evangelico uma reunião special para senhoras e meninas.

6 da tarde – Cascão.

7 da tarde – Mariannos, Taipas, Santa Catarina, Amoreiras e Estephania.

9 da noite – Sessão plenaria d’encerramento Sala Algarve da Sociedade de Geographia.
1.º Hymno e oração.
2.º Discursos por differentes delegados.
3.º Proclamação das conclusões do Congresso.
4.º Collecta.
5.º Discurso de encerramento.

–––

O sr. João Mott, delegado americano faz amanhã, pelas 8,30 da noite, na Associação de Logistas, uma conferencia sob o thema “A luta mais difficil dos academicos em todos os paizes.

Diário de Notícias, 23 de Maio de 1909, p. 4.

III Congresso das UCM de 1909

Uniões Cristãs

O penultimo dia do congresso – O banquete official no Campo Grande – Procede-se à eleição da comissã executiva da Alliança Nacional

Proseguiram hontem os trabalhos do terceiro congresso nacional das Uniões Christãs da Mocidade de Portugal, abrindo a primeira sessão pelas 10 horas e meia da manhã, na séde da União Central, á rua das Gaivotas, a qual foi, como as dos dias anteriores ali effectuadas, extraordinariamente concorrida.

N’esta sessão, a que presidiu o Sr. Pedro Silveira, delegado por Portalegre, secretariado pelos srs. Antonio Tavares e José Pereira Martins, respectivamente delegados pelo Porto e por Setubal, falou o sr. João Mott, a convite do sr. Henrique Wright, escolhendo para thema o “Segredo do exito e da ruina de uma União Christã da Mocidade”.

Pela 1 hora da tarde, seguiram todos os congressistas, num carro electrico, reservado, para o Campo Grande, onde se realizou o banquete official, presidido pelo sr. Alfredo da Silva, que tinha á sua direita mr. Mott e à sua esquerda o sr. João Mott.

Ao toast inicou a série de brinde o sr. Alfredo da Silva, que saudou calorosamente a commisão local e as uniões christãs de Lisboa, assim como as senhoras que se encontravam presentes, seguindo-se os seguintes brindes: o sr. Santos Figueiredo, em nome das Uniões de Lisboa e pelo Comité Nacional; o sr. dr. Leite Junior, pelo sr. Mott e pelas Uniões de Portugal, e o sr. Pedro da Silveira, pelas uniões christãs femininas.

Depois de se terem tirado varias photographias com os congressistas, os delegados dispersos, em numerosos grupos, visitaram alguns estabelecimentos e monumentos importantes, bem como differentes pontos pittorescos da cidade.

Pelas 7 horas da tarde deu-se principio aos trabalhos da sessão nocturna, sendo a mesa constituida pelos mesmo delegados da sessão da manhã. Votou-se, por unanimidade, que o estudo final, relativo ás conclusões do congresso fosse entregue a uma comissão composta da mesa permanente do congresso e dos membros da commisão iniciadora, sendo em seguida apresentadas as seguintes propostas:

1.º, que o comité internacional se encarregue de elaborar uma lista dos assumptos adaptados ao estudo biblico das uniões christãs da mocidade; 2.º, que nos futuros congressos internacionaes se empregue a lingua esperanto e a lingua do paiz ou da cidade na qual as sessões se effectuem.

A primeira proposta foi modificada no sentido que seja o comité nacional encarregado de tratar do assumpto, sendo a discussão da segunda adiada para outra reunião.

Procedeu-se, depois, á eleição da comiissão executiva da Alliança Nacional, a qual ficou composta dos srs.:

Alfredo Henrique da Silva, presidente; André Cassels, vice-presidente; José Antonio Fernandes, 1º secretario; Antonio Tavares, 2º secretario; e Frederico Flower, thesoureiro; sendo nomeados vogaes os presidentes das diversas uniões christãs do paiz.

Sobre assumptos relativos á forma por que se devia orientar a eleição, falaram os srs. Armando Pereira de Araujo, Julio Bento da Silva, José Pereira Martins e Antonio Ferreira Fiandor, tendo este ultimo delegado proposto que fosse consignado em acta um voto de louvor ao presidente pela regularidade e brilhantismo com que decorrera o congresso, proposta que foi approvada por acclamação.

A sessão terminou com o hymno evangelico “Obra Perfeita, que foi entoada por todos os assistentes.

O programa de hoje – O encerramento solemne do congresso na sala Portugal da Sociedade de Geografia

O programma que os que os congressistas devem hoje executar é o seguinte: ás 12 horas da manhã, visita dos congressistas ás outras egrejas evanlicas de Marianos, Taypas e Estephania; ás 2,30 da tarde, visita ao culto da Arriaga, esperando que effectue ali um conferencia o sr. Mott; Ás 5, reunião especial da congregação, na séde do congresso, realisando-se, em seguida, na escola evangelica do extincto convento dos Marianos, ás Janellas Verdes, uma sessão para meninas, organisada pelo “comité” nacional das uniões christãs femininas e na qual farão uso da palavra “madame Mott”, D. Christina Braga e “Madame” Cassels.

O Século,
23 de Maio de 1909, p.2.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

III Congresso das UCM de 1909

Congresso das Uniões Christãs da Mocidade

O Segundo dia

O segundo dia do congresso das Uniões Christãs da Mocidade principiou pela sessão dos delegados ás dez e meia da manhã onde se tratou da reunião de oração, estado actual das Uniões em Portugal, relatorios pelos delegados de todas as Uniões da Alliança Nacional, these sobre as Uniões Christãs e a questão social e discussão.

Da these foi relator o sr. Pedro da Silveira, de Portalegre, que foi muito applaudida.Á uma hora e meia da tarde foi servido um “lunch” em comum, na União Central, á rua das Gaivotas, seguindo-se uma sessão dos delegados, ás tres horas e meia da tarde, em que o sr. dr. Leite Junior, de Coimbra, apresentou uma these sobre o estudo dos meios que as uniões podem dispôr para chamar a mocidade.O sr. José Luiz Braga, do Brasil, relatou tambem uma these sobre “A obra a favor dos emigrantes”, fechando a sessão depois de discussão varia.

Ás oito horas da noite realisou-se a sessão para os unionistas e seus amigos, fazendo uso da palavra varios delegados, entre os quaes o sr. Mott, delegado dos Estados Unidos da America, que falou em ingles, fazendo-se comprehender por meio de um interprete.

Ámanha é o terceiro e ultimo dia do Congresso, sendo a parte mais importante do programma um banquete no Campo Grande e a sessão dos delegados.

Diário de Notícias, 22 de Maio de 1909, p. 4.

III Congresso das UCM de 1909

Uniões Cristãs

Segundo dia do terceiro congresso nacional – Cumpre-se o programa, sendo todas as sessões muito concorridas – Aprovam-se as theses apresentadas

Foi ontem o segundo dia do terceiro congresso nacional das Uniões Christãs da Mocidade de Portugal, sendo o programa que hontem publicamos rigorosamente cumprido. A concorrencia a todas as sessões foi grande merecendo especial referencia a que se realisou, á noite, na séde da União Central, a rua das Gaivotas, em que estava também largamente representado o elemento feminino.

Os trabalhos, consoante constava no programa, principiaram ás 10 horas e meia da manhã, pela sessão dos delegados, a que presidiu o sr. Henrique Wright, secretariado pelos srs. Eduardo Moreira, secretário geral do congresso, e Luis Torres, delegado da União de Vila Nova de Gaya.

Terminada a reunião dea oração, com que abriu a sessão, procedeu-se á apresentação dos relatorios de todas as uniões do “comité”, falando em nome do “comité” Internacional, os srs. Christiano Phildius, do de Genebra, e José Luiz Fernandes Braga, do Brazil. Pelo “comité” nacional, usaram da palavra os srs. Alfredo Silva, Frederico Flower, Antonio Tavares, André Cassels e Henrique Wright e ainda a maior parte dos delegados que vieram de differentes pontos do paiz.

Por ultimo, foi apresentada a these “As uniões christãs e a questão social”, sendo relator o sr. Pedro da Silveira, de Portalegre.

Á 1 e meia effectuou-se o lanche offerecido pela comissão local, e ás 4 da tarde, nova sessão na União dos Marianos, ás Janelas Verdes, sendo apresentadas as seguintes theses: “Estudo dos meios de que as uniões podem dispor ara chamar a mocidade” e “A obra a favor dos emigrantes”, das quaes foram respectivamente. Relatores os srs. dr. Leite Junior, de Coimbra, e Eduardo Henrique Moreira.

A sessão da noite, que principiou ás 8 horas, abriu com o hymno evangelico, seguindo-se oração pelo sr. Horues. Depois, o sr. Stover executou ao piano o hymno da União, acompanhado de oração pelo sr. Silveira, presidente da União de Portalegre.

O sr. Alfredo da Silva, presidente do “comité”, apresenta seguidamente aos assistentes o cathedratico norte-americano sr. João R. Mott, que hontem chegou a Lisboa, o qual, por sua vez, fez uma interessante comunicação sobre a “Biblia”, servindo de interprete á assembléa o sr. Wright.

Fechou a sessão o sr. Antonio José Rodrigues de Ponta Delgada, que fez a leitura do Evangelho de S. João, no capitulo XVI, sendo todas as theses approvadas e muito applaudidos os seus relatores.

O programa de hoje – O delegado norte-americano visita a Associação de Lojistas na próxima segunda-feira

O programa de hoje é o seguinte: ás 10,30 da manhã, sessão dos delegados na séde da União Central, com reunião de oração e apresentação da these: “Jesus Christo e a Mocidade”, de que é relator o sr. Henrique Wright, do Porto; e ainda a discussão das conclusões do congresso e eleição da comissão executiva. Á 1,30 da tarde, realiza-se o lanche dos delegados no Campo Grande. Ás 2,30, photografia dos delegados officiaes. Ás 3, photografia geral. A tarde ficará livre para visitas a alguns estabelecimentos de Lisboa, que tenham por fim o bem da mocidade. Ás 8 da noite, sessão havendo discursos por defferentes delegados.

Uma commisão de academicos convida todos os seus collegas de Lisboa, a comparecerem na proxima segunda-feira, pelas 8 horas e meia da noite, na séde da Associação de Lojistas, ao largo da Abegoaria, para ouvirem o delegado norte-americano João Mott, secretario da Federação Mundial dos Academicos Christãos, com séde na America, sobre o movimento da federação que representa.

O sr. Mott almoça tambem n’esse dia na legação da America, a convite do sr. Page de Bryan, ministro em Portugal.

O Século, 22 de Maio de 1909, p.3.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

III Congresso das UCM de 1909

Terceiro Congresso Nacional das Uniões Christãs da Mocidade

Como estava annunciado, realisou-se hontem a sessão plenaria de abertura do terceiro congresso nacional das Uniões Christãs da Mocidade.

Ante-hontem á noite tinha havido na séde da União, ao Conde Barão, uma sessão solemne commemorando o 11.º anniversario da fundação das uniões.

Presidiu o sr. Julio Francisco Silva Oliveira, secrectariado pelos srs. Rodolpho Horner e Christiano Phildius.

Fizeram uso da palavra os srs. Joaquim dos Santos Figueiredo, Roberto H. Moreton, Alfredo H. Silva, José Fernandes Braga, Hinwright, etc.

As salas estiveram vistosamente ornamentadas com bandeiras, plantas e flores, vendo-se em uma d’ellas uma interessante exposição de impressos, photographias do “comité” das diversas uniões, tudo artisticamente disposto.

O primeiro dia do congresso

Hontem, primeiro dia do congresso, realisou-se ás 11 horas da manhã, na Igreja Evangelica de S. Paulo, o culto inaugural, havendo sermão prégado pelo rev. Joaquim S. Figueiredo, e ao que se seguiu a apresentação dos delegados estrangeiros.

Ás tres horas da tarde houve sessão preparatoria que abriu com o hymno e oração, seguindo-se: boas-vindas, pelo presidente do “comité” nacional, sr. Alfredo H. Silva; apresentação dos delegados, pelo vice-presidente; eleição da meza permanente e relatorio do “comité” nacional, cujos dados interessantes não podemos dar por absoluta falta de espaço.

A sessão plenaria de abertura

Ás 9 horas da noite realisou-se a sesão plenaria de abertura, na sala Portugal da Sociedade de Geographia, com uma numerosa assistencia.

O presidente sr. Alfredo Henrique da Silva abre o Congresso com um magnifico discurso que despertou calorosos applausos d’asembléia.

Por unanimidade foi approvado enviar tamblegrammas de saudação a sua magestade el-rei e ao dignissimo vice-presidente da Camara Municipal de Lisboa.

Seguiu-se a leitura de adhesões de varias uniões dos paiz e do estrangeiro, França, Italia, Inglaterra, Hespanha e Belgica.

Então usou a palavra o sr. major Santos Ferreira dissertando sobre o thema: “O que as Uniões Christãs podem fazer a bem da mocidade”, sendo muito applaudido.

Ainda falou o secretario do Comité Universal das Uniões de Genebra, sobre “o movimento unionista em todo o mundo”, expondo factos e dados estatisticos muito interessantes.

Tanto este delegado como o do Brasil, sr. J. L. Fernandes Braga, que apresentou uma mensagem da obra que representava, vieram expressamente dos seus paises tomar parte n’este congresso, sendo acolhidos com uma cordeal sympathia de todos os assistentes.

Nos intervallos dos discursos fizeram-se ouvir alguns bonitos numeros de musica.

O programma de hoje

Hoje haverá o seguinte:
10,30 da manhã – Sessão dos delegados
1.º – Reunião d’oração
2.º – Estado actual das Uniões em Portugal.
Relatórios pelos delegados de todas as Uniões da Alliança Nacional.
3.º – These – As Uniões Christãs e a questão social. Relator: Pedro da Silveira, de Portalegre.
4.º – Discussão.

1,30 da tarde – Lunch em commum – (União Central)

3 da tarde – Sessão dos delegados
1.º – These – Estudo dos meios de que as Uniões podem dispor para chamar a Mocidade. Relator: Dr. Leite Junior, de Coimbra.
O obra a favor dos emigrantes. Relator: José Luiz F. Braga, do Brasil.
2.º – Discussão.

8 da noite – Sessão para os unionistas e seus amigos.

Discursos por differentes delegados.

Diário de Notícias, 21 de Maio de 1909, p. 2.

III Congresso das UCM de 1909

Uniões Cristãs

Reune o terceiro congresso nacional
Cumpre-se o programa do primeiro dia – Cantam-se hymnos e lêem-se saudações

Foi hontem iniciado em Lisboa o terceiro congresso nacional das Uniões Christãs da Mocidade de Portugal. O programma do primeiro dia, hontem publicado no Seculo, foi exactamente cumprido. Ás 3 horas da tarde, na sessão preparatoria da União Central, fizeram uso da palavra alguns congressistas, entre os quaes o presidente do Comité Nacional, sr. Alfredo Henrique da Silva, que apresentou os delegados, foi approvado o relatorio do mesmo Comité e eleita a mesa permanente d’este, que ficou composta pelos srs. Alfredo da Silva, presidente, Pedro de Castro Silveira, vice-presidente, João Coelho e Eduardo Moreira, secretários. Ás 9 horas da noite, na sessão plenária de abertura, foram enviadas saudações ao chefe de Estado e à Camara Municipal de Lisboa e em seguida a assistencia, que era numerosa, entoou um hymno patriotico. Seguidamente, orou o sr. Roberto Moreton e foram lidos telegramas de saudação das Uniões de Londres, de Paris, Roma, Madrid, Lourenço Marques, Porto, Gaya, Funchal, Setubal, etc. Depois, um grupo de senhoras cantou um hymno espiritual, precedido por um solo cantado pelo sr. Macgregor, evangelista escocez. Discursaram em seguida o major sr. Santos Ferreira, Christiano Phildius, secretario do Comité Internacional de Genebra, e José Luiz Fernandes Braga, representante das Uniões do Brazil, que alludiram ao progresso do protestantismo em varios cantos do mundo.

Terminou a sessão por um agradecimento à direcção da Sociedade de Geographia pela cedencia da sala, um hymno cantado pela assistencia e oração final pelo presidente. Na sala foram distribuidos folhetos e jornaes commemorativos do congresso.

O programa de hoje – Espera-se um congressista norte-americano

O programma de hoje é o seguinte: ás 10 horas e meia da manhã, sessão de delegados na séde da União Central, na rua das Gaivotas, com reunião de oração; apresentação dos relatórios dos delegados de todas Uniões da Alliança Nacional, sendo a these “As Uniões Christãs e a questão nacional”, apresentada pelo senhor Pedro Silveira, de Portalegre, á 1 hora e meia da tarde, lanche na mesma União; ás 3 sessão, em que se discutirá a these “Estudo dos meios de que as Uniões podem dispôr para chamar a mocidade”, apresentada pelo sr. Leite Junior, de Coimbra; e ás 8 horas da noite, sessão para os unionistas e seus amigos, com discursos por diferentes delegados e reunião de Senhoras na União da Estephania, Rua Angra do Heroismo.

O sr. João R. Mott, cathedratico norte-americano, que deve chegar hoje a Lisboa, faz amanhã à noite uma conferência, especialmente dedicada á mocidade academica.

O Século, 21 de Maio de 1909, p.2.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

III Congresso das UCM de 1909

Congresso Nacional das Uniões Christãs da Mocidade de Portugal

Á sessão inaugural deste congresso que se realisa hoje, pelas 9 horas da noite, na sala “Portugal” da Sociedade de Geographia, podem assistir os sócios d’esta collectividade e fazerem-se acompanhar de senhoras de sua família.

O programa, hoje, é o seguinte:

2 da manhã [sic] – Culto inaugural – Egreja Evangelica de S. Paulo (extincto convento dos Marianos), sermão pelo rev. Joaquim S. Figueiredo; collecta. Apresentação dos delegados estrangeiros.

3 da tarde – Sessão Preparatoria – 1.º Hymno e oração; 2.º Boas-vindas pelo presidente do Comité Nacional; 3.º Apresentação dos delegados pelo vice-presidente; 4.º Eleição da mesa permanente; 5.º Relatorio do Comité Nacional.

9 da noite, sessão plenaria d’abertura, (sala Algarve da Sociedade de Geographia), 1.º, Hymno e oração; 2.º, Abertura do congresso; 3.º, Discursos por differentes delegados; 4.º, “O que as Uniões Christãs podem fazer a bem da mocidade” – Relator; major Santos Ferreira, de Lisboa.

5.º Leitura de adhesões. Musica, harpa piano e violino.

Diário de Notícias, 20 de Maio de 1909, p. 2.

III Congresso das UCM de 1909

Uniões C1ristãs

Inauguram hoje o seu terceiro congresso nacional – Chegada de congressistas

É hoje que se inaugura o 3º congresso nacional das Uniões Christãs da Mocidade de Portugal, sendo o programma d’essa inauguração o seguinte:

Ás 11 da manhã, culto inaugural na egreja evangelica de S. Paulo, extinto convento dos Mariannos, sermão pelo rev. Joaquim S. Figueiredo, ? e apresentação dos delegados estrangeiros; ás 3 da tarde, sessão preparatoria na União Central, rua das Gaivotas, havendo hymno e oração, boas-vindas pelo presidente do “comité” nacional, apresentação dos delegados pelo vice-presidente, eleição da mesa permanente e relatório do Comité Nacional; ás 9 da noite, sessão plenária de abertura na sala Algarve, da Sociedade Portuguesa de Geographia, hymno e oração, abertura do congresso, discursos dos differentes delegados, relatório sobre “o que as Uniões Christãs podem fazer a bem da mocidade”, sendo relator o major G. L. Santos Ferreira, leitura de adhesões e musica.

Para tomarem parte n’este congresso chegaram hontem a Lisboa os seguintes congressistas:

Srs. Pedro de Castro da Silveira, José Augusto Santos e Silva, Alfredo H. da Silva, António Tavares, Henrique M. Wright, Antonio Ferreira Fiandor, Pedro da Silveira, José Pereira Martins, António José Rodrigues, Roberto H. Moreton, Rodolpho Horner, Manuel Gonçalves Afonso, Armando Pereira de Araujo, Luis Martins Torres, José Alexandre, Augusto José Nogueira, Avelino Evangelista de Lima, Francisco Fernandes Pacheco, Julio Roberto dos Santos e Luis Henrique da Silva.

Comemoração do 11º anniversario da União Christã da Mocidade em Lisboa

Celebrando o 11º anniversario de fundação da União Christã da Mocidade, realisou-se hontem uma sessão solemne , na sede da mesma collectividade ao Conde Barão.

Presidiu o sr. Julio Francisco da Silva Oliveira, secretariado pelos srs. Rodolpho Horner e Christiano Phildius, socretario do Comité Internacional de Genebra, e usaram a palavra os srs. José Luz Fernandes Braga, industrial no Brazil; Pedro Castro Silveira, industrial em Portalegre; Robert H. Moreton, do Porto; Alfredo Henrique da Silva, presidente do Comité Nacional das Uniões; Joaquim dos Santos Figueiredo, presidente da União dos Mariannos, etc.

As salas estavam decoradas com grande numero de vasos com plantas e bandeiras de diversas nacionalidades, vendo-se n’uma d’essas salas uma exposição de publicações e photographias referentes às Uniões Christãs.

O Século, 20 de Maio de 1909, p.3.

terça-feira, 19 de maio de 2009

III Congresso das UCM de 1909

CULTO EVANGÉLICO
Egreja Evangelica Lusitana

Na egreja de S. Pedro, largo das Taypas, á praça d’Alegria, há hoje, ás 8 horas da noite, culto e pratica pelo rev. Josué de Sousa, e amanhã ás 11 horas da manhã, haverá tambem na egreja de S. Paulo, extinto conventos dos Marianos, ás Janellas Verdes, serviço divino especial a que assistirão todos os delegados do congresso das Uniões Christãs da Mocidade, pregando o rev. Santos Figueiredo.

Diário de Notícias, 19 de Maio de 1909, p. 2.

Convite

Símbolo da UCM

A SOCIEDADE EDUARDO MOREIRA CONVIDA Vª EXª A PARTICIPAR NA

COMEMORAÇÃO DO CENTENÁRIO DO
CONGRESSO PROTESTANTE DE 1909

Sábado, 23 de Maio de 2009
19 horas

Associação Cristã da Mocidade de Lisboa
Rua de S. Bento, nº 329 – 2º

Será uma boa oportunidade para recordar um episódio impar da história do pioneirismo protestante. O Congresso Protestante realizou-se em 1909 na Sala Portugal da Sociedade Portuguesa de Geografia e reuniu cerca de 1500 pessoas.

A União Cristã da Mocidade (futura ACM) foi a grande promotora do evento que entusiasmou a hostes evangélicas.


SALVEMOS A ACM DE LISBOA

A Sociedade Eduardo Moreira está também empenhada em revitalizar a ACM de Lisboa, outrora um pólo importante de actividade do protestantismo e da cidade de Lisboa, que se encontra actualmente sem gestão e em sério risco de desaparecer. Pensamos que seria importante todos nos juntarmos para que não se perca uma das principais instituições protestantes de Portugal.

Na ACM de Lisboa nasceram os escuteiros em Portugal, realizaram-se inúmeras conferências, praticou-se desporto, ensinou-se o esperanto, entre outras inúmeras iniciativas de carácter social; a ACM colaborou com a Cruz Vermelha Portuguesa (também ela com origem protestante) e com o Triângulo Vermelho na ajuda aos soldados portugueses na Flandres; foi um espaço de origem evangélica mas aberto a toda a sociedade.

A ACM não é dos evangélicos mas de todos. Todos podemos tornar-nos sócios e empenharmo-nos em dinamizar uma associação com uma rica história e um património invejável.

Sábado, 23 de Maio de 2009
19 horas

Associação Cristã da Mocidade de Lisboa
Rua de S. Bento, nº 329 – 2º

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Marcas da nossa história

A evolução do Protestantismo enquanto fenómeno histórico provocou efeitos conjecturais na configuração do actual modelo socioeconómico europeu e, mesmo no português. Muitos destes fenómenos sociais que nasceram no meio religioso, evoluíram para actividades económicas e são hoje bens de consumo que tomam o valor de marcas globais as quais simplesmente memorizamos e não perguntamos a sua génese.

Quem diria que Thomas Cook, um pastor baptista que teve a brilhante ideia de criar, em 1841, as primeiras excursões de turismo, é hoje a principal marca de agência de viagens no Reino Unido e dá o seu patrocínio às camisolas da equipa de futebol do Manchester City?

Quando hoje vemos o spot publicitário da marca de whisky Grant’s com a presença da personalidade histórica John Naismith, pastor presbiteriano e criador do basquetebol (1891), e o passar da mensagem “Try a different angle”, identificamos nós a inspiração do criativo publicitário que deu corpo à campanha? Decerto que a ligação de Naismith à YMCA e, consequentemente, ao Triângulo Vermelho, não será aqui mero fruto do acaso.

Quando paramos junto à caixa do hipermecado e vemos uma barra de chocolate de nome Cadbury’s, saberemos nós que Alfredo Henrique da Silva, pioneiro metodista português, conviveu, no início do séc. XX, com o chocolateiro inglês Cadbury e que ambos contribuíram para o denunciar da escravatura encoberta que ocorria nas colónias portuguesas, particularmente em São Tomé e Príncipe?

São pequenos exemplos de marcas de clara influência anglo-saxónica e que revelam valores intangíveis de alma, corpo e mente em forma de mensagem publicitária aos que procuram a viagem dos seus sonhos, uma bebida de requinte ou um sabor delicioso.

João Paulo Henriques

sábado, 28 de março de 2009

Para quem tocam os sinos?

Este natal passado tive a oportunidade de ler o clássico de Heinrich Harrer, Sete anos no Tibete (1953). Além de uma melhor compreensão sobre a origem do estado das coisas no ocupado território tibetano, despertou-me o facto de ali vir referenciada a presença pioneira do jesuíta António de Andrade (1580-1634) enquanto primeiro europeu a alcançar e a estabelecer missão no Tibete.

Na sua estadia em Lassa, Harrer deparou-se no templo de Tsug Lag Khang, catedral budista, com um sino pendurado no tecto e com a inscrição "Te Deum Laudamus". O sino terá ficado como possível memória que os tibetanos quiseram guardar da presença da missão jesuíta.

Este episódio literário, fez-me lembrar um outro da pena de Eduardo Moreira sobre o incidente dos sinos «luteranos» que, talvez ainda hoje, ressoarão em algumas igrejas portuguesas.

Parafraseando Moreira, no ano de 1529, uma remessa de cobre enviada de Portugal para o reino dinamarquês, foi tomada pela facção cristã-reformada que ali se sobrelevava contra o poder real. O regente português, D. João III, pediu mais tarde uma indemnização e recebeu de volta um conjunto de sinos confiscados às igrejas de Copenhaga.

D. João III ainda tentou a devolução dos sinos ao novo regime dinamarquês, mas estes foram novamente devolvidos sob a ameaça que, caso Portugal não os quisesse, estes seriam convertidos em peças de artilharia.

Chegados a Lisboa, estes traumatizados sinos foram distribuídos a título provisório por terras portuguesas na esperança que os luteranos pudessem sair da coroa dinamarquesa. Todavia, a Reforma Protestante perdurou na Dinamarca e os sinos silenciaram-se na memória do nosso rei.

Como diz Moreira e relembrando as reflexões de John Donne, o sino é o «arauto do sermão». Chama o fiel à igreja, relembra o dever da oração e o louvor a Deus. O sino tem sido também anúncio de morte, alarme, revolta ou de simples apelo à introspecção.

Os sinos vão sendo substituídos por melodias gravadas ou impedidos de tocar porque incomodam o sono urbano. Com o desaparecimento das torres sineiras, desaparece progressivamente um sentido de consciência e da questão... Para quem tocam os sinos?

João Paulo Henriques

HARRER, Heinrich (1953), Sete anos no Tibete, Edições Asa, Porto
MOREIRA, Eduardo (1957), Crisóstomo Português, Elementos para a História do Púlpito, Junta Presbiteriana de Cooperação em Portugal, Papelaria Fernandes, Lisboa

sexta-feira, 20 de março de 2009

Max Zeerleder, Ana Huber, João Marques da Mota Sobrinho, Samuel Schwarz

A memória de quem muito viveu e conviveu, se sobrevive, é um chão coalhado de cruzes cristãs; e também de estelas nuas, ou portadoras de outros símbolos, recordando amigos professos de outro credo, ou sem credo nenhum confessado (digo confessado; que não se vive sem credo, confessado ou não).

Max Zeerleder

Agora me chega a notícia da morte serena, depois de uma vida fecunda, de uma pessoa que admirei, apreciei e estimei: três graus da escala de que tantos são carecidos, para seu próprio prejuízo.

Ao arquitecto Max Zeerleder deve a Berna dos últimos decénios talvez metade, ou talvez mais, dos seus edifícios, que têm a sorte invulgar de se verem emoldurados na salubérrima vegetação da cidade-bosque.

Conheci-o já no derradeiro quartel da vida, em duas últimas visitas nossas àquela cidade: exemplo de devotamento inteiro à causa comum, paradigma de consciências alertadas pela nova invasão barbárica que vai devastando ideais, destruindo planos, semeando dúvidas, cavando abismos, sofisticando virtudes; e tudo usando com o slogan da técnica como se se tratasse dum bando de crianças brandindo navalhas de barba!

Inconformado com a inércia de uns e o delírio de outros, o arquitecto Zeerleder ingressara há anos no “Rearmamento Moral” a que deu todas as suas energias de consagrado ao bem comum.

Recordo-o, há meses, já alquebrado mas resistente, querendo ainda escrever uma mensagem bíblica, e conseguindo-o dificilmente com sua mão trémula; acamaradando com as crianças; sorrindo sempre, e expondo em palavras certas o seu desejo de bem.

Ana Huber

Outra bernesa partiu há poucos meses para a Pátria celeste, esta uma boa amiga de Portugal residente no Brasil, sua segunda pátria: Ana Huber. Carácter firme, mente lúcida, atravessou com a indiferença de quem mais alto voa, a crise racionalista e egocêntrica, dos “pro” e dos “contra” e dos “sim, mas…”, desse frágil orgulho intelectualista, de incoerência mal disfarçada, dos que combatem a razão com argumentos que a razão sustenta. Não julgava; e assim nem se prendia no que poderia ser insultuoso. Amava, aconselhava, vivia o Evangelho pelo testemunho evangélico. O seu pensamento não descia às barricadas dos fragmentos de crença arruinada, feitas para o tiroteio desleal e desafectuoso. Olhava para mais alto, à espera do regresso do seu Senhor, que na visão espiritual tinha como verdadeiro horizonte da Igreja viva. Ana Huber! Deixou-nos um rasto de luz suave, um eco de brandos sons que nos transportam.

*

“Bem-aventurados os que morrem no Senhor”, diz-se-nos na visão de Patmos. Agora nos chegam outras notícias que abrem novas feridas de saudade: o Coronel Daniel Perdigão, fiel companheiro no testemunho; os Pastores Mota Sobrinho e João José Dias; o Dr. João Wollmer; os missionários Anastácia Tatton, João Badertscher, Ernesto Juillerat; Elias dos Santos e Silva e por fim, o cónego Josué de Sousa… E segue o cortejo final e nunca findo, hoje um, amanhã outro, até que os mesmos nos incorporemos nas hostes do Triunfo, com diferente folha de serviço, mas atingidos pela mesma graça.

João Marques da Mota Sobrinho

Dos de África falarei um dia com cenário próprio e gratidão justamente orquestrada. Hoje lembro João Marques da Mota Sobrinho, artista da palavra escrita e falada, ministro da Palavra de alocução que atraía e prendia grandes auditórios, cinzelador da prosa castiça, que ainda agora nos encanta, ao lermos, deliciados pelo sua vernaculidade e beleza, a tradução por ele feita do excelente livro do secretário geral do Conselho Mundial das Igrejas, Dr. W. A. Visser’t Hooft – “A Realeza de Jesus Cristo”.

Repazelho de Viseu chegado ao Brasil, como calhau arrancado da Serra da Estrela, que foi pedir meças aos diamantes da nova Pátria, era um coração afectuoso. Tive-o em certa época da mocidade como amigo provado, um irmão mais velho, um dos que a minha saudade e admiração regista, como outros foram: Domingos de Oliveira, Myron Clark, João Borges Lagos, Fernandes Braga Júnior, Matias dos Santos, para só aqui lembrarmos esse maravilhoso Brasil de que percorri oitenta cidades.

*

Mas nomear, de que vale? Hei-de-vos contar, se Deus quiser, casos que ajudem, ainda que com humildade, a construir um pouco a consciência colectiva do nosso cristianismo reformado, a um tempo regressivo e evolutivo, santamente revolucionário e prudentemente ordeiro. Se for lido, isto é, se valer a pena!

Samuel Schwarz

Conheci o engenheiro Samuel Schwarz devido a certa informação literária que me pediu. Ficamos amigos, e como tal me ofereceu ele o precioso livro da sua autoria “Os Cristãos Novos em Portugal no Século XX”. Na dedicatória inclui aí o qualificativo de “Amigo dos Judeus”, que me trouxe honrosa e salutar responsabilidade, maior que já antes sentira. A sua biografia está publicada, quantos aos sucessos com que em geral constituem, mas onde falta o calor humano, de que vos poderei dar sucinta noticia.

Judeu polaco, irmãos carnais seus foram mortos pelos alemães anti-semitas; e foi com essa morte nos olhos da alma que ele veio para a nossa Península, obtendo revalidação do seu diploma de engenheiro de minas, em Espanha e Portugal, e naturalizando-se mais tarde cidadão português. Foi no trabalho das minas, na Beira Baixa, em convívio com comerciantes e funcionários, que se encontrou com luso-hebreus, muitos deles “cripto-judeus”, com os quais obteve o ineditismo da sua sábia investigação.

Também sua esposa, muito distinta senhora, judia russa, sofrera. Seu pai, Samuel Barbasch, rico banqueiro em Odessa, morrera em inanição, encerrado pelos bolchevistas num compartimento do seu próprio palácio.

Que acolhedora era a sua hospitalidade, em Lisboa, frente ao belo samovar russo! Recordando os horríveis sucessos passados e gozando agora a pax lusitana, não se sentia contudo ódio naquele lar.

A Nação Portuguesa ficou devendo a Schwarz a oferta do edifício do século XV que foi a Sinagoga de Tomar e se destinou agora, por sua vontade, ao Museu Luso-Hebraico, e a sua magnífica biblioteca desse erudito hebraizante. Não menos valioso é o seu espólio literário, obras de relevância indiscutível no campo histórico e arqueológico, e uma versão directo do hebraico em aparato crítico, do “Cântico dos Cânticos”. É lamentável que não se saiba onde pára a versão terminada do livro de Ester, para a qual, como para o anterior, esse artista inconfundível que foi fez as ilustrações. João Carlos me disse que não tinha conhecimento do seu destino.

E para terminar: Samuel Schwarz disse-me um dia, com os olhos marejados: “Meu amigo, eu sei como é superior a ética do Novo Testamento. Mas, como tem sido possível aos cristãos, possuidores dessa moral, perseguirem tão cruelmente os judeus?

Ouvi-o com simpatia e vergonha.

Eduardo Moreira,
Rostos que vi, mãos que apertei,
Portugal Evangélico, nº 531-533, Janeiro–Março de 1965, pp. 5-6.

sexta-feira, 13 de março de 2009

José Augusto Santos e Silva e Joaquim dos Santos Figueiredo

José Augusto Santos e Silva e Joaquim dos Santos Figueiredo

Neste esfusilar de centenários de repercussão mundial, ora do nascimento ora da morte: ele é o Galileu, o Calvino, o Shakespeare, o Baden Powell, o Dante, e em breve o Kipling… aparecem-nos dois, muito mais familiares nossos, mais perto do nosso coração: o do nascimento do Pastor Santos e Silva, que passou há treze escassos meses (como o tempo corre!) e o do bispo-eleito Santos Figueiredo, que data de há poucos dias.

Eram contemporâneos e foram amigos, exercendo a sua acção nos mesmo quadros e com tintas diferentes, mas desenho de fundo idêntico.

Lembro-me de ambos, nos traços que os aproximam e no colorido que os diversifica. Santos e Silva, baixo e miudinho, de passo estudado e cauteloso, elevando o busto ao buscar altura, cumprimentando sempre, com receio de cometer faltas devidas à fraca visão; lá vai subindo a caminho de casa, a rua lisboeta do Conde, que ladeia o chafaris barroco das Janelas Verdes, enquanto Santos Figueiredo se dirige ao lar pela paradela rua de S. João da Mata, parando aqui e ali, na conversação que entretém com seus companheiros, sempre dispostos a escutá-lo, e com proveito.

Ambos confiam uma barba simpática, de talhe que vem de antes do meado do século. Ambos poderiam empenhar alguns pêlos dela, como penhor de honradês, à maneira de D. João de Castro. São homens de ética segura, dum cristianismo prático e viril. Se usassem brasão como os fidalgos de antano, “Testemunho” seria a divisa do primeiro; “Liz” seria a do segundo. Notai a identidade. Isto, em meu Juízo, pelo que de ambos conheci.

Deixaram-nos eles dois hinos que são a expressão poética da sua trajectória terrena. Cantou Santos assim (hino 531 de Salmos e Hinos): “Eu nas trevas vagueava… Triste é o viver nas trevas… Bela é a vida, mas a vida de luz, de paz e amor”. E Santos e Silva cantou assim (hino 504 de S. e H.): “Ó minha alma que dita anelada, considera! Tu vais disfrutar… Anuncia que esta graça só Deus pode dar”.

Luz que testemunha, e testemunho que ilumina: diferença de perspectivas, contraste de caracteres.

Ambos bastante alegres, mas de jocosidade comedida e a propósito; guardo de ambos a recordação saudosa do seu discretear. Houvesse porventura espaço e tempo, e paciência para me lerdes!

Um fora tipógrafo, como outros ilustres portugueses (noutro lugar o disse já, no centenário de Santos e Silva): muito lido e experimentado, e sujeitando-se todo o seu “saber de experiência feito”, como disse o Poeta, à ânsia de evangelizar. O outro fora sacerdote romano e avis rara republicana na sua diocese; e, bom latinista, vindo duma época de forte indignação em face aos abusos ultramontanos, aplicou o seu bom vernáculo no ataque vigoroso aos erros religiosos e consequente prática.

Se para um o mandato imperativo da consciência era a Evangelização, para o outro era a Reforma; se para o primeiro o plano a realizar estava na Missão, para o segundo estava na Igreja.

Ambos certos. O Deus de Arão é o Deus de Amos; o Deus de Ezequiel é o Deus de Esdras. Na Missão está a Igreja em potência, e na Igreja está a Missão em continuidade imperiosa. E o Espírito de Deus distribui os dons como entende.

Santos e Silva, congregacional, trazia a democracia para a Igreja, e Santos Figueiredo, episcopaliano, ansiava por colocar a Igreja na democracia. Ambos amavam o povo, as vidas, as almas; e o amor é o que mais importa, o que tudo importa.

Honra-me o facto de ter trabalhado com ambos. Na adolescência secretariei Santos e Silva, quando um descolamento da retina o impediu de ler e escrever. Depois, por muitos anos, foi íntimo o contacto que tivemos e me ajudou moral e espiritualmente na vida.

Com Santos Figueiredo fiz parte de várias comissões de importância no evangelho geral, nomeadamente a da revisão da versão bíblica de Almeida, uma das muitas a que tem sido sujeita a irreconhecível versão, e a da revisão do hinário, infelizmente e injustamente malograda. Mas dessa faina das revisões há muito para dizer, numa outra altura: história “de proveito e exemplo”, como dizia o nosso Trancoso.

Eduardo Moreira,
Rostos que vi, mãos que apertei,
Portugal Evangélico, nº 529-530, Novembro-Dezembro de 1964, pp. 7 e 12.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Da Pena de Eduardo Moreira (3)

Por ser curta a memória dos povos é de longa utilidade a lição da História. E como é grande e grave o perigo da deformação é de grande responsabilidade a forma como se exerce a função do Historiador.
 
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