quarta-feira, 13 de outubro de 2010
terça-feira, 5 de outubro de 2010
De Prisciliano a Herculano (original de Eduardo Moreira)
Entretanto, no decurso dos séculos, vão os homens sujeitando os termos aos seus conceitos. Vimos nos nossos dias António Sérgio negar, com argumentos de peso, a expressão "civilização cristã". Muito bem: De Prsiciliano a Herculano desenvolve-se a Revolução cristã dentro da Civilização humana. Nos dias de desordem [e] negativismo foi tirania, opressão, violências ou contemporização cobarde, mas nos nossos dias de contrição positiva foi revolução com[o] a dos astros, que não saem das suas órbitas.
Quem ensinou, neste extremo ocidental da Europa[,] o voto plural, ao tempo que preparou os textos sacros com perícopes para fácil citação? Quem teve a coragem moral de divergir e não calar as suas opiniões, como tantos, em todos os tempos?
É certo que o nome de priscilianista se tornou horrível labeu com que se reunia sem cautela seitas díspares e disparatadas. Mas quinze séculos depois do martírio de Prisciliano o descobrimento de documento autêntico provou ser ele um pre-reformador.
[Original do Rev. Eduardo Moreira (1886-1980), s.d., na posse do pastor A. C. Barata. Aparentemente, comentário a artigo de D. António Ferreira Gomes, «Priscilianismo e caminho de Santiago», Voz Portucalense , 1974.]
sábado, 30 de janeiro de 2010
Novidades Literárias
No espaço de pouco mais de dois meses o panorama literário português foi enriquecido com três obras de grande qualidade que prestigiam o protestantismo português e a sua historiografia. Talvez não tenha havido até hoje um período tão fecundo na produção de obras ligadas a esta temática.
António de Mattos: um pioneiro protestante, da autoria de David J. Langum, Sr., trineto do biografado, é o resultado de uma aprofundada investigação sobre um dos mais notáveis "exilados madeirenses" do século XIX que acabaria por se tornar o primeiro pastor protestante português a ministrar em solo nacional, tanto em Lisboa como no Funchal. A edição portuguesa da obra, inicialmente publicada nos Estados Unidos da América e escrita originalmente em inglês, consiste num volume de 154 páginas, que inclui algumas fotografias da época. O livro contou com a colaboração da Sociedade Eduardo Moreira para a sua tradução e revisão, tendo sido editado pela Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal.
Rita Mendonça Leite, investigadora do Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR) da Universidade Católica Portuguesa e membro da Sociedade Eduardo Moreira, é a autora do livro Representações do Protestantismo na Sociedade Portuguesa Contemporânea: da exclusão à liberdade de culto (1852-1911), editado pelo próprio CEHR, com um total de 251 páginas. Esta passa a ser uma obra incontornável para a compreensão do fenómeno religioso português na transição do século XIX para o XX, nomeadamente no que diz respeito ao início do processo de diferenciação religiosa com que a sociedade portuguesa se passou a confrontar. O conteúdo da obra resulta do trabalho de investigação que conduziu à apresentação de uma tese de mestrado na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa pela autora.
José António Moreno Afonso é desde 2007 Doutor em Educação pela Universidade do Minho em resultado da dissertação apresentada sobre o tema agora editado em livro pelo Centro de Investigação em Educação da própria Universidade do Minho sob o título Protestantismo e Educação: história de um projecto pedagógico alternativo em Portugal na transição do século XIX, com um total de 542 páginas. Esta é uma obra de grande fôlego e de elevado rigor académico e científico que demonstra a importância que as escolas ligadas às igrejas protestantes tiveram em Portugal na formação de muitas crianças e jovens que de outram forma teriam engrossado as ainda assim lastimáveis estatísticas do analfabetismo naquela época. Para além do contributo que esta obra dá à história da educação no nosso país, em geral, constitui imprescindível material de referência para todos aqueles que pretendam conhecer o papel do protestantismo ainda incipiente na educação nacional.