quarta-feira, 1 de abril de 2009

Marcas da nossa história

A evolução do Protestantismo enquanto fenómeno histórico provocou efeitos conjecturais na configuração do actual modelo socioeconómico europeu e, mesmo no português. Muitos destes fenómenos sociais que nasceram no meio religioso, evoluíram para actividades económicas e são hoje bens de consumo que tomam o valor de marcas globais as quais simplesmente memorizamos e não perguntamos a sua génese.

Quem diria que Thomas Cook, um pastor baptista que teve a brilhante ideia de criar, em 1841, as primeiras excursões de turismo, é hoje a principal marca de agência de viagens no Reino Unido e dá o seu patrocínio às camisolas da equipa de futebol do Manchester City?

Quando hoje vemos o spot publicitário da marca de whisky Grant’s com a presença da personalidade histórica John Naismith, pastor presbiteriano e criador do basquetebol (1891), e o passar da mensagem “Try a different angle”, identificamos nós a inspiração do criativo publicitário que deu corpo à campanha? Decerto que a ligação de Naismith à YMCA e, consequentemente, ao Triângulo Vermelho, não será aqui mero fruto do acaso.

Quando paramos junto à caixa do hipermecado e vemos uma barra de chocolate de nome Cadbury’s, saberemos nós que Alfredo Henrique da Silva, pioneiro metodista português, conviveu, no início do séc. XX, com o chocolateiro inglês Cadbury e que ambos contribuíram para o denunciar da escravatura encoberta que ocorria nas colónias portuguesas, particularmente em São Tomé e Príncipe?

São pequenos exemplos de marcas de clara influência anglo-saxónica e que revelam valores intangíveis de alma, corpo e mente em forma de mensagem publicitária aos que procuram a viagem dos seus sonhos, uma bebida de requinte ou um sabor delicioso.

João Paulo Henriques

 
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