domingo, 6 de abril de 2008

Um Grande Português... (Parte III)

Em Maio de 1663, Almeida regressa a Batávia de onde não mais sairia. Algum tempo depois do seu regresso do sul da Índia, assume a responsabilidade da Igreja Reformada de Batávia, de língua portuguesa, onde se iria manter como Pastor quase até ao seu falecimento provavelmente em Agosto de 1691. Foi durante este último período em Batávia que Ferreira de Almeida viria a assistir com muita alegria à primeira edição do Novo Testamento por si traduzido para português. Esta obra foi impressa na Holanda, em Amesterdão, mas o destino final dos exemplares produzidos era fundamentalmente o Extremo Oriente, onde as diversas comunidades de língua portuguesa já deveriam conhecer a obra de Almeida, pelo menos desde 1654. Não foi isenta de peripécias esta primeira edição do Novo Testamento datada de 1681, mas a verdade é que a partir daqui a língua portuguesa passaria a ter a sua primeira tradução bíblica. Almeida traduziu ainda a maior parte do Antigo Testamento, já que o seu falecimento o impediu de traduzir o final do livro de Ezequiel, o livro de Daniel e os Profetas Menores. Este trabalho viria a ser completado por um Pastor holandês, Jacobus op den Akker, que havia colaborado estreitamente com Almeida. Com a edição do Antigo Testamento (Tomo I em 1748 e Tomo II em 1753) completar-se-ia a edição da “Bíblia de Almeida”que se tornou na obra literária em língua portuguesa mais divulgada de sempre, um autêntico monumento da cultura e da espiritualidade, tantas vezes ignorado pelos próprios portugueses e por muitos dos 200 milhões de pessoas que falam português pelo mundo.

João Ferreira de Almeida contraiu casamento com a já mencionada D. Lucrécia, de quem teve dois descendentes. Nasceu primeiro uma filha e, já depois do seu regresso do sul da Índia, um filho a quem foi dado o nome de Mateus.

Para além da magistral obra de tradução da Bíblia para português, a maior parte dos escritos de João Ferreira de Almeida são pequenas obras, na maior parte dos casos de natureza polémica, tendo em conta a crispação religiosa da época. Foram produzidos nos diversos locais por onde Almeida foi passando, mas impressos apenas quando a pequena tipografia foi montada em Batávia. Entre estas obras incluem-se A Diferença da Cristandade (impressa em 1668), Duas Epistolas e Vinte Propostas… (publicadas em 1672), Epístola ou Carta… aos Padres e Religiosos Agostinhos de Bengala, Relação Epistolar ou Carta … ao Senhor João Correia de Mesquita … em Bengala, Poema Ovium, Seis Propostas enviadas aos eclesiásticos de Goa, a que Almeida acrescentou mais Doze epístolas já que não recebeu qualquer resposta às iniciais, Esopete Redi Vivo que contém a introdução e a revisão, em português, das Fábulas de Esopo Frígio, Catecismo de Heidelberg e Liturgia.

João Ferreira de Almeida foi homenageado por um grupo de cidadãos de Torre de Tavares em 1981 por ocasião do 300.º Aniversário da publicação da primeira edição da sua tradução do Novo Testamento. Em Maio de 2006 a Câmara Municipal de Mangualde homenageou a personalidade e a obra de João Ferreira de Almeida, atribuindo o seu nome a uma rua da cidade.

António da Costa Barata
Timóteo A. de Jesus Cavaco

Para informação mais detalhada:

João Ferreira de Almeida: o Homem e a Sua Obra - António C. Barata

 
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