quinta-feira, 10 de abril de 2008

Batalha de La Lys - 90 anos depois (Parte III)

O pastor António Costa Barata é desde há muitos anos um dos poucos evangélicos no nosso país a estudar a história do Protestantismo. Também a história de Portugal é a seu ver uma temática a não enjeitar, de resto, na linha daqueles pioneiros de que falei nos posts anteriores.

Assim, em 1969, escrevia para o semanário de Portalegre A Rabeca um pequeno texto que aqui transcrevo sobre o 9 de Abril de 1918 em La Lys:

PARA A HISTÓRIA DO NOVE DE ABRIL

No dia 9 passou mais um aniversário, o 51º, da célebra batalha travada entre os aliados e as tropas alemãs, aquando da ofensiva destas na Flandres. Aquela passou à História sob o nome de Batalha de La Lys.

Muito foram os caídos de ambas as frentes.

Por isso e por causa disto, a Pátria quis prestar homenagem não só aos mortos naquela batalha, como a todos os demais que pereceram antes - o primeiro português que morreu foi o soldado António Gonçalves Curado, que fazia parte do Batalhão de Infantaria 28 - assim como a todos os que faleceram depois e aos que sobreviveram.

Em sua honra foram erguidos muitos monumentos e dado o nome de Combatentes da Grande Guerra a muitíssimas Avenidas, Ruas e Praças nas grandes localidades.

Desde Caim e Lameque, assim como deste aos nossos dias, sempre têm existido aqueles que, não sendo capazes de vencer usando a força do espírito, deitam mão ao Espírito da Força.

Os conflitos armados à escala geral, contam sempre ou quase sempre a sua origem em contendas especiais ou partidárias. A primeira Guerra Mundial irrompeu após o assissínio do Arquiduque Francisco Fernando, herdeiro ao trono Austríaco, levado a efeito por um fanático boémio em Sarajevo.

Após aquele incidente, a Alemanha imediatamente declara guerra à Rússia, depois à França. A Inglaterra adianta-se e toma a iniciativa, declarando guerra à Alemanha.

A Áustria coloca-se ao lado desta, declarando guerra à Rússia... pouco depois, quase todas as Nações estavam em armas.

Eis alguns dados dos primeiro efeitos da guerra de 14 a 18:

Em Liége 40 mil baixas. A Itália perde 280 mil homens. Os Russos ficam sem 325 mil soldados (entre mortos e prisioneiros), perdendo ao mesmo tempo uns 3 mil canhões. No fim dela, Portugal havia perdido nada mais nada menos do que 35 mil homens. Só uma palavra: - Paz a suas almas.

Do príncipio, Portugal não tinha interesse em tomar parte no conflito, mas o facto dos ataques alemães às nossas províncias em Moçambique e Angola, forçou-nos a participar nele, o que aconteceu em Novembro de 1914.

No dia 3 de Abril do ano seguinte, um submarino germânico afunda-nos o nosso vapor Douro, assim como a muitos outros aliados.

Porém, a data mais triste, sem dúvida, foi o 9 de Abril de 1918, dia em que se travou a histórica batalha que deveria lançar o luto, a dor e a tristeza em muitíssimos lares portugueses, alemães, franceses, ingleses e das demais nações envolvidas na luta.

Pena foi que os homens não aprendessem a lição, visto que mais tarde - 39 a 45 - o mundo voltou a ser palco duma segunda guerra mundial e, infelizmente, o perigo duma terceira ainda persiste.

Paz na Terra, assim deveria ser; assim há-de ser um dia, cremos.

António Costa Barata

(A Rabeca, 1969)

 
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