As primeiras distribuições bíblicas em Portugal decorreram, em larga medida, como resultado da acção das influentes comunidades britânicas tanto na capital como na principal cidade nortenha. Fiéis das comunidades de Saint George (Lisboa) e Saint James (Porto), bem os capelães anglicanos que acompanharam os pelotões britânicos que lutaram no contexto da Guerra Peninsular (1807-1814) foram importantes peças no desenvolvimento da missão da Sociedade Bíblica no nosso país, numa primeira fase. Todavia, pode-se dizer que o primeiro esforço de organização de uma Sociedade Bíblica em Portugal se deve ao eminente médico e clérigo anglicano de origem espanhola, Vicente Gomez y Togar, mais tarde fundador de uma comunidade protestante em Lisboa. A constituição de uma Comissão no início de 1835 não tem, porém, muitos ecos nos anais da Sociedade Bíblica, razão pela qual se tem considerado George Borrow (1803-1881) como o verdadeiro iniciador do trabalho organizado da Sociedade Bíblica, tanto em Portugal como em Espanha. Com a chegada de Borrow a Lisboa, no dia 12 de Novembro de 1835, são formalmente reconhecidos 2 agentes da Sociedade londrina no nosso país: John Wilby, comerciante em Lisboa, e o Rev. Edward Whiteley, que passava a manter o depósito bíblico no Porto. Num contexto de grande instabilidade social, política e militar no nosso país não se poderia antever grande actividade da Sociedade Bíblica, para além do mais num contexto religioso bastante adverso. Mesmo assim, há registo de que as edições bíblicas se continuaram a suceder, não apenas da já mencionada tradução de João Ferreira de Almeida, como também da tradução para português, a partir do texto latino da Vulgata, do padre António Pereira de Figueiredo (1725-1797), um sacerdote católico-romano oratoriano, acusado na época de defender a tradição regalista.