terça-feira, 25 de março de 2008

A Reforma Religiosa em Portugal ou História dos Evangélicos em Portugal (Parte I)

Em 2001 António Costa Barata escreve para a revista Vem e Vê, no âmbito de uma campanha de evangelização em Lisboa, pequenas notas sobre a Reforma Religiosa em Portugal e sobre as congregações Reformadas Históricas.


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A Reforma Religiosa em Portugal
ou
História dos Evangélicos em Portugal


Introdução

Neste artigo apenas tenho a intenção de comunicar a quem o ler, e porventura não saiba, numa forma resumida, sobre quando na literatura portuguesa se começou a referir Lutero e os seus ideais relacionados com a necessidade de uma Reforma Religiosa do, e no, Cristianismo, ideais esses que o monge alemão e professor de teologia na Universidade em Vitenberg, na Alemanha, começou a divulgar através da publicação de suas famosas 95 teses, no dia 31 de Outubro de 1517, e não só, mas também, a historiar em forma cronológica a implantação das primeiras Igrejas Evangélicas estrangeiras e nacionais, em território Português.

Quando se falava de Reforma Protestante, falava-se de tudo o que não fosse Católico Romano mas, com o decorrer dos tempos, várias Igrejas começaram a ter identidade própria, a saber, a Igreja Lute1rana, a Igreja Calvinista, a Igreja Anglicana, a Igreja Anabaptista, e assim por diante.

Os Cristãos Evangélicos, em geral, podem divergir na forma administrativa ou nos modos de cultuar a Deus, todavia, possuem princípios comuns a todos, como por exemplo: Que Jesus Cristo é o único e suficiente salvador e que só a Santa Escritura serve para gerar fé e guiar a vivência Cristã. É verdade que existem outras fontes para gerar crenças e superstições, mas estas são diferentes da fé.

A mais antiga referência que eu encontrei na literatura portuguesa, em que se menciona o nome do Dr. Martinho Lutero, data de 29 de Agosto de 1520, encontrando-se a mesma num relatório enviado de Roma para Lisboa, da parte do representante de Portugal na Santa Sé, D. Diogo da Silva. No fim desse relatório pode ler-se:

Contra aquele frade de Alemanha Martym Luther, que la faz tantas reuoltas, fezaguora o papa humma bulla de que se ele muyto ry, segundo dizem: é esta humma cousa que tyra o sonno porque todo aquele pouo pede concílio e reformação.

Mais tarde, outros escritos continuam a falar da Reforma em geral, uns contra, como João de Barros, André e Garcia de Resende, Luís Vaz de Camões, e outros mais, mas também houve portugueses que eram simpatizantes da Reforma Luterana, a saber, Gil Vicente, Damião de Góis, Diogo de Teive, Manuel Travassos.


Segundo o investigador Isaías da Rosa Pereira, o primeiro luterano em Portugal e de nacionalidade portuguesa, seria de facto, Manuel Travassos, bacharel em cânones pela Universidade de Coimbra, condenado pela Inquisição no dia 11 de Março de 1571 e, segundo o mesmo investigador, só depois deste caso é que se efectivou a prisão do célebre cronista Damião de Góis, que nunca se confessou Luterano, apesar de conviver com Lutero e Melanchton, na Alemanha.


(Continua)
António Costa Barata
Amora, 26 de Janeiro de 2001
 
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