segunda-feira, 31 de março de 2008

Balthasar Hubmaier: Março de 1528 - Março 2008 (Parte I)



Nascido sensivelmente em 1480 em Friedberg, Balthasar Hubmaier foi um dos principais reformadores do século XVI. Quando Martinho Lutero afixa as 95 teses já Hubmaier estava ligado ao meio académico, o que lhe permitiu ser uma das principais personagens da primeira vaga reformadora.

De facto, o reformador da Baviera formara-se em Ingolstadt onde também recebera o título de doutor, tendo sido aluno de Johann Eck. Pela sua eloquência foi várias vezes chamado a pregar na catedral de Ratisbona, onde veio ocupar lugar de destaque.

Em 1523, em Zurique, após um debate com Zwinglio, Hubmaier afirma ser contra o baptismo infantil. Dois anos depois vem a ser baptizado. Neste ano toma parte activa na Revolta dos Camponeses onde é um dos líderes.

Quer por motivos políticos, quer por motivos religiosos, Hubmaier reuniu pouco consenso à sua volta. Na Morávia ganhou grande peso o que levou Fernando I a mandá-lo prender em Julho de 1527.

Foi torturado ele e a sua mulher e condenado à morte na fogueira que ocorreria a 10 de Março de 1528. Três dias depois seria a vez de Elizabeth Hueglein Huebmaier por afogamento (meio de execução muito comum na época para aqueles que defendiam o baptismo por imersão).

Voltarão dias de perseguição como os de Março de 1528? Cremos que sim! (Semeador Baptista, Fev. 1928).

Em Maio de 1928 o mundo baptista prestou homenagem a este reformador. Portugal não foi excepção. Hubmaier talvez seja o mártir que os baptistas portugueses nunca tiveram, o homem perseguido pelas autoridades e condenado à morte sem se retratar dos seus princípios. Em Portugal nos séculos XIX e XX é comum constatar entre os protestantes um certo sentimento de perseguição por parte de Estado e da Religião. Kalley e os seus seguidores serão muitas vezes invocados (curiosamente – ou talvez não – poucas vezes pelos baptistas) como o paradigma dessa opressão. Talvez esteja aqui patenteada uma necessidade de identificação com os apóstolos e com o mundo paleocristão.

Passados 480 anos da condenação de Hubmaier, deixo aqui alguns artigos publicados em 1928 pelo jornal Semeador Baptista:

"A Morte dos Heróis" (Semeador Baptista, nº16, 15.Fev.1928).

 
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