domingo, 30 de março de 2008

Herculano e a Religião (Parte III)

Dois grandes inimigos chegam junto da secretária – Espaço e Tempo – que obrigam a parar. O que não haveria para comunicar sobre O Lutero da Ajuda, relacionado com as ordens religiosas, com o casamento civil, com os jesuítas, com o clero em geral; bem como sobre Herculano e as Conferências do Casino, e o ensino em Portugal, etc.

Antes de finalizar, bom será que se diga: Alexandre foi um lutador convicto, à semelhança de outras sumidades intelectuais da época, nacionais, como o Bispo de Viseu, estrangeiras, como Rui Barbosa, no Brasil, João Dollinger, na Alemanha. Todos eles eram humanos, erraram, mas a eles, como a tantos outros, muito deve o mundo laico e o religioso. Alexandre Herculano foi um cristão leigo que daria cartas à grande maioria dos religiosos do seu tempo, e, por que não, a tantos do nosso?

À guisa do pós-escrito, mais duas notas que julgo importantes. Pelo conteúdo duma carta de Herculano a um seu dialogante (o célebre Barros), parece que Dollinger (autor de O Papa e o Concilio), protestou contra o dogma da Infalibilidade, mas silenciou relativamente ao da Imaculada Conceição. Nem sempre o silêncio é sinal de aprovação. Existe um ponto comum entre Herculano, Dollinger e Wesley: Os dois últimos fundaram movimentos pararelos às igrejas oficiais, mas nunca, de sua vontade, delas deixaram de ser membros.

Cada igreja nacional, e até cada província eclesiástica, tinha (outrora) os seus usos e liberdades especiais, que a igreja universal consentia, porque que constitui verdadeiramente a unidade é a unidade da fé, disse Alexandre, e não unidade hierárquica, digo eu. Acredito numa unidade na diversidade em ralação à igreja, e, em certo sentido, em relação à Trindade, isto é, acredito na unicidade essencial de Deus e na pluralidade pessoal da Deidade. Se existe em Deus pluriunidade, como rejeitar isso para a Igreja ou para o Reino de Deus? Repito a máxima Paulina: Guardemos a unidade do espírito, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus.

António Costa Barata
Novas de Alegria, Julho de 1978




 
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