O “χ” e o “ρ” representam as iniciais da palavra “Cristo” quando escrita em grego (χριστος). Foi um dos primeiros símbolos do paleocristianismo. A ligação deste elemento gráfico à igreja primitiva, terá feito com que os protestantes o tivessem adoptado para colocação em alguns dos seus templos.
Em 1845, quando foi criada, em Inglaterra, a Young Men’s Christian Association (YMCA), os seus fundadores adoptaram este mesmo símbolo para representar esta organização. Em 1894, foi criado, na Igreja Metodista do Mirante (Porto), o ramo português da YMCA. A então União Cristã da Mocidade (UCM), adoptou igualmente o símbolo da sua congénere. Como a UCM aglomerava as diversas “uniões” de juventude das igrejas evangélicas, verificamos que este emblema foi adoptado por alguns movimentos e denominações pioneiras do Protestantismo em Portugal.
O “χρ” surgia como parte de pequenas tapeçarias que adornavam as mesas da “Ceia do Senhor” ou os púlpitos. Se ainda hoje visitarmos templos históricos como o da Primeira Igreja Baptista de Lisboa ou o da Igreja Evangélica Presbiteriana Rossiense (Abrantes), deparamo-nos com algumas destas peças decorativas.
Contudo, a evidência mais flagrante da utilização deste logótipo como o possível primeiro elemento identificador do Protestantismo em Portugal, constata-se com a sua utilização por parte do pastor congregacional Eduardo Moreira quando escreveu o seu artigo sobre os protestantes portugueses no jornal “O Século” (edição de 21 de Abril de 1910).
O facto de Eduardo Moreira também exercer a actividade de ilustrador, terá contribuído em grande parte para a divulgação deste símbolo.Ainda está por apurar as razões pelas quais o “χρ” perdeu a sua herança identitária junto dos evangélicos portugueses em detrimento de um outro símbolo paleocristão - um famoso peixe estilizado que adorna as traseiras de alguns automóveis.
João Paulo Henriques